Só por algumas vezes eu permito a me observar e encontrar alguma beleza na minha própria imagem. É que quando achamos que temos alguma, aplica-se a possibilidade de ser um tanto adepto do narcisismo. Não é o meu ideal. Mas é que, vez ou outra, gosto de ficar admirando como o tempo me moldou e vai me moldando. As primeiras rugas, as outras marcas de expressão, o cabelo torto com redemoinho. A visão afetada pelo astigmatismo e os óculos um tanto desajeitados na face. É essa beleza que me atrai, conquistada pelo passar dos anos e com muito mérito.
Vejo e sinto os fios: um reparo pequeno, tosado com grandes cuidados… a diferença é grande: menos costeleta, menos cabelo na testa. Resultado? Visagismo capaz de mudar até mesmo a fisionomia. Saudades dos cabelos encaracolados. De ter permissão para fazer quantas voltas quiser e brilhar ao sol. Hoje, estão padronizados para uma vida extremamente comercial.
Eu gosto do jeito que os anos passam para mim… São generosos.
Da vontade pulsante de ainda permanecer jovem e amadurecer apenas o necessário. Desse jeito estabanado de ser. Da inconstância. É assim: descobrir mais um pedaço da identidade a cada ano. É prazeroso.
